Escrever #25


— Ah OK — Claro que corei, e não fui capaz de fazer nem dizer mais nada.

— Conheces? — Perguntou a Joana.

— Não! Mas parece-me um rapaz com quem me cruzei á pouco quando fui fazer a minha caminhada, ele também estava a correr e perguntou-me as horas porque tinha ficado sem bateria no relógio.

— Pois, sei! – Disse com desdém.

— Estou a falar a sério Joana, por quem me tomas! Aliás, estou com o Fred!!

— Eu não disse nada! Não precisas de te desculpar, nem ficar tão nervosa!

— Não me estou a desculpar, apenas respondi à tua pergunta.

— Ok, e como é que se chama?

— Não faço ideia, não nos apresentamos… mudando de assunto, como estás com o Carlos? Já conseguiram falar sobre alguma coisa.

— Está tudo bem, ele foi voar esta semana então não está por cá, só volta na próxima segunda. Ainda não lhe disse sobre os novos acontecimentos, acho que só lhe vou contar quando ele já estiver por cá.

— Boa, porreiro — Disse, e a não conseguir tirar os olhos do “corredor”. — Vou à casa de banho antes que o concerto comece, venho já. — A Joana fez-me sinal com o copo em afirmação!

Enquanto esperava na fila para o WC, vejo o "corredor" passar, deu mais um sorriso, puxou a minha mão e disse-me que precisávamos falar. Segui-o de arrasto, de mão dada atrás dele, entrámos numa porta que dizia: “staff only”. Ele fechou a porta e eu parei ali mesmo. Era um camarim, onde os artistas se arranjavam e tinham todo o seu material. Desta vez consegui tirar-lhe a pinta com o seu cabelo comprido e queimado da praia, apanhado com um elástico no topo da cabeça. Jeans azuis claras rasgadas e t-shirt branca a contrastar com o moreno da pele. Sentou-se numa caixa de madeira e começou a afinar uma viola que ali estava.

— Tocas? — Perguntei.

— Sim, o concerto é meu, pensei que soubesses!

— Não, vim jantar com uma amiga e a rapariga que nos serviu é que nos convidou a ficar. — Cheguei-me mais perto e estendi-lhe a mão, num cumprimento chato e formal, mas que julguei ser o mais adequado — Laura.

— Paulo, muito gosto, oficialmente apresentados.

— Verdade, obrigada pela garrafa de vinho. Serias a última pessoa que pensava que iria encontrar aqui.

— Não precisas agradecer.

— Talvez depois do concerto nos possas fazer companhia e tomar um copo, da tua garrafa de vinho!

— Teria todo o gosto. Mas acho que conseguimos melhor que isto! — Levantou-se, e ficámos frente a frente, senti a mão dele na minha cintura, ele humedeceu os lábios e disse — Falamos melhor depois, agora tenho de ir, estou prestes a começar.

— Ok — Engoli em seco e acenei afirmativamente com a cabeça, senti-me nervosa pois pensei mesmo que me ia beijar — Falamos depois, boa sorte.

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