Escrever #14


Domingo | 12 de Janeiro de 2020
Não me pesei hoje, 2 cigarros, 0 álcool. sexo conta como exercicio?

Acordei ainda a tentar perceber onde estava. Não me recordava de ter bebido assim tanto ao ponto de estar ressacada. Levantei-me, olhei em volta e reparei na roupa que tinha vestida. “Como é que vim parar ao quarto?! Tenho quase a certeza que decidimos ir devagar.”

Caminhei pelo corredor, e por cada porta que passava, encostava o ouvido. Entretanto notei que não havia uma única foto, apenas quadros com algumas pinturas até interessantes. A casa na realidade tinha muito pouca coisa. Minimalista, agradou-me, vou ser sincera, mas também gosto de memórias. Encontrei-o na cozinha, a tirar café, em tronco nu, tinha apenas as calças de fato treino cinzentas escuras vestidas. Meu Deus, pensei. Respirei fundo, e entrei na divisão.
- Bom dia! Tens café para mim? - entrei a “matar” para disfarçar o meu nervosismo.
Sem olhar na minha direção, respondeu-me.
- Bom dia. Dormiste bem?
- Muito bem. Obrigado a cama é extremamente confortável. E tu?
- Nem por isso, não consegui pregar olho. Mas de tarde encosto-me para descansar.
- Mas… Aconteceu alguma coisa para não teres conseguido dormir. - aproximei-me e recebi o café que ele me serviu..
- Não te sei dizer, estive inquieto. Não sei se foi do sofá. Não faço ideia, mas também agora não interessa. Tens fome?
- Não, obrigado, não costumo comer de manhã.
Humm, já percebi que nada se passou, visto que ele acabou por dizer ter dormido no sofá. Sentei-me na bancada da cozinha onde batia o único raio de sol que entrava pela janela.
- Ok, eu também só vou tomar café e se calhar para o almoço, depois peço algo. A tua roupa está pronta, está ali na lavandaria - e apontou para a porta no canto da cozinha.
O silêncio que se instalou, era já incomodativo. Não percebi se é propositado para me ir embora. Não tinha planos, era domingo. E sentia-me tão bem ali. Mas não queria impor a minha presença.
- Obrigada!! Vou então vestir-me e vou para casa. Vou deixar-te descansar. A Joana também deve estar preocupada, acabei por não lhe dizer nada ontem a noite.
Claro que não disse, tinha sido só uma desculpa para ele não pensar que estou sempre disponível.
- Por mim podes ficar! - sussurrou, e aproximou-se até ficarmos frente a frente.
- É domingo… não te quero incomodar, nestes dias costumo ficar na cama a devorar séries e filmes e tu também deves ter mais que fazer.
- Eu também, mas hoje adorava ficar na cama a devorar outra coisa.
Ele não aguentou a tentação e beijou-me, eu claramente correspondi ao beijo, acariciei-lhe o cabelo sedoso e despenteado.
- Desde ontem que queria fazer isto novamente! - disse ofegante.
Aproveitando que não recebeu um não, segurou-me no pescoço por baixo dos cabelos e puxou-me contra ele, olhou-me fixamente nos olhos e perguntou baixinho, “Posso?” Eu sem responder encostei os lábios nos dele. Beijamo-nos lentamente e curtimos cada milímetro de lábios e língua. Tremi. Mas depois daquele beijo que durou instantes, abrimos os olhos e colados um no outro, disse-lhe baixinho.
- O que estamos a fazer, Fred? Acho que devíamos parar por aqui!

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