Escrever #23


Quarta | 22 de Janeiro de 2020

Depois de um dia em frente ao computador e de 3 projetos do lado dos clientes a aguardar decisões decidi dar uma caminhada à beira da praia. Precisava sair de casa, apanhar ar, e tirar esta cor de lula. Fui a pé, não valia a pena levar carro até lá. Pus os auscultadores e lá fui de nariz empinado para o sol. É bom viver a uns metros da praia. Nestas caminhadas em que o intuito é apenas sair de casa e fugir à rotina, gosto de ver o mar, mas as pessoas, é o que me fascina ainda mais. Vê-las no sentido literal da palavra, como se vestem, como se penteiam, se colocam maquiagem, como caminham, como correm, qual será o motivo daquela pessoa ali estar, faz parte da rotina dela (da pessoa, seja feminino ou masculino) estará desempregada e aproveita para exercitar o corpo e mente, será que trabalha em casa e tem tempo para isto, será que decidiu vir porque está em baixo e precisava de sair de casa e de mudar rotinas… tal como eu! O que estarão elas a pensar enquanto ali estão! Estarão felizes, tristes, rancorosas! Entre tantos outros pensamentos que me vão surgindo.

Já no caminho de volta cruzei-me com um rapaz que me deu um sorriso enorme, um grande "BOM DIA" e continuou na corrida dele, contribui e segui também a minha caminhada. Foi o suficiente para o cérebro entrar em ação novamente… será que me conhece? Será que conheço? E se me conhece e eu também e eu não lhe falei, vai achar-me rude na próxima vez que me encontrar. Será que já me viu em algum lugar? Se calhar temos amigos em comum e eu não sei. Pode já ter visto alguma foto minha por aí! Se calhar até já nos cruzamos por aqui!

Uns quilómetros mais à frente voltamos a cruzar-nos e mais uma vez sorriu, mas desta vez parou, fez sinal para retirar os auscultadores e perguntou:

Consegues dizer-me as horas? — Fiquei logo desconfiada, olhei para o pulso dele e vi que tem um smartwatch — Fiquei sem bateria a meio caminho! Não sei onde ando com a cabeça! — Disse a rir.

Realmente que azar, bem, são 19h23!

— Muito obrigada e desculpa ter-te feito parar!

— Não faz mal, não tem problema nenhum.

— Ah, espera, outra coisa, sabias que és muito bonita?! — E começou a correr novamente.

— Obrigada! Tu também! — Gritei, corada e segui também a minha vida.

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