Escrever #6


Isto foi agora mesmo, tenho já menos de 30 minutos para me despachar! Acho que terá gostado mesmo do trabalho, notei no dia do briefing como estava ansioso para que tudo andasse rápido. Gosto de trabalhar com pessoas assim, que sabem o que querem e que se explicam bem e a comunicação é muito fácil. Senti-o feliz, espero mesmo que esteja e eu estou feliz por ele. Agora vou-me despachar.

“Sem pressão, já estou cá embaixo à tua espera. Demora o tempo que precisares, eu espero. Bj Fred”
Recebi a mensagem dele enquanto acabava de colocar o batom. Perfeito. Já estava mais que despachada e para ser sincera nesta altura, estava também já um pouco ansiosa.
No elevador olhei-me ao espelho e dou um ultimo retoque ao cabelo!
Procurei o carro e caminhei até ele. Bati no vidro, ele assustou-se e deixou cair o telemóvel. Destrancou o carro, eu entrei e ele tentou chegar ao telemóvel caído.
Ahahah desculpa, assustei-te?! - disse às gargalhadas, sem lhe dizer, que reparei que estava a ver o meu insta.
Não estava à espera, só isso! - disse ele também a rir.
Cumprimentamo-nos com um beijo na cara.
Então onde me levas? - perguntei curiosa.
Já vais ver!Não é muito longe daqui, se calhar até conheces, mas é um sítio fantástico, onde costumo ir quando quero estar sozinho. No meio de tudo, mas ao mesmo tempo no meio de nada. Acho que vais gostar.
Também és aqui da linha, não é? Acho que o António me falou algo sobre a vista do teu apartamento… mas não me lembro bem!!
Ah ok, sim sou daqui.
Cruzamos olhares muitas vezes durante o caminho. Mas a viagem foi em silêncio.
Chegámos. Claro que tinha de começar a chover agora. Maldito Janeiro. Não saias tenho um chapéu lá atrás e já te venho buscar.
A chuva não me assusta Fred, é apenas chuva. - disse eu a revirar os olhos.
Tu reviras-te os olhos?! Eu volto já - disse sério.
Tirou a chave da ignição e saiu. Com o chapéu de chuva na mão dirigiu-se ao outro lado do carro e abriu-me a porta.
Madame?! - esticou-me a mão.
Estás a ser tão cromo...
Debaixo do chapéu, muito perto um do outro, voltei a sentir o perfume, o meu nariz tocava-lhe bem na zona do peito. Olhei-o nos olhos e ali ficamos uns segundos. Parados. Juntos.
Vamos? Senão vamos ganhar raízes com tanta água!! - interrompeu, sorrindo, sem desviar o olhar.
Sim… sim… claro…
Corremos os dois em direção ao Bar que ficava à beira de uma falésia, ali mesmo escondido.

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