Escrever #9


Manhã de sol. Não estava frio,mas também não estava calor. Atravessei a ponte para casa dos meus pais, na margem sul. Chegou finalmente o dia para o qual a minha mãe me ligava, a toda a hora. O almoço de família, marcado há meses.
Olá malta, cheguei!!
Oh minha filha!! - apareceu o meu pai que me deu um forte abraço.
Olá pai, como estás?
Já sabes, só ainda não estou louco graças ao tempo que passo na rua!!
Ai pai, lá estás tu com o drama.
Drama?! Isso é a secção da tua mãe!

Afastei-me para cumprimentar o resto da família.
Então meu? - Disse ao meu irmão.
Então? Vieste sozinha? - perguntou ele já com o seu tom de gozo, adorava provocar-me.
Estavas à espera que viesse com alguém?
A mãe é que disse, que talvez viesses acompanhada. - comentou indiferente.
Pois… o que vale que já conhecemos a peça!

Dirigi-me à cozinha onde tentei arranjar alguma coisa para me ocupar e um copo de vinho. Era um ótimo truque para não ter de andar a fazer conversa. Agarrei-me a uma pilha de louça que já estava por lavar, e ali fiquei a pensar na vida! Alguns minutos depois.
Laura?! Já chegaste! Nem dei conta!! - provocou a minha cunhada.
Tudo bem, Xica? Não te vi em lado nenhum, até pensei que ainda não tivesses chegado.
- Estava no quarto da tua mãe a retocar a maquiagem. Estás mais magrinha, ou é impressão minha?! - A Francisca fazia sempre questão de falar no meu peso, deixava sempre esse tema sublinhado e presente em todos os encontros de família.
Deve ser impressão tua, não tenho feito rigorosamente nada a esse nível. - Ainda só tinha chegado há uns 20 minutos e já estava farta de ali estar.
Fui até a varanda, mas não antes de pedir um cigarro ao meu tio.
Então? Voltas-te a fumar? - perguntou o tio Eduardo.
Não Tio, está-me a apetecer. Olha, nem te sei dizer, deve ser o ambiente. Na realidade acho que vai bem com este copo de vinho.
Estou a brincar, não precisas de te explicar. Toma lá.
Acendi o cigarro, com o isqueiro chique, o meu tio tinha uma coleção gigante de isqueiros do qual era orgulhoso. Olhei o horizonte e veio-me à cabeça o Fred. Que estaria ele a fazer? Não lhe tinha dito mais nada depois do dia que passamos juntos e ele também não. Passou quase uma semana desde a última vez. Tirei uma foto do copo de vinho e enviei a mensagem. “Lembrei-me de ti. Bj Laura”

PARA A MESA, VAMOS ALMOÇAR!! - Gritou Diana, minha mãe, com os pulmões cheios de ar.

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